Temos repetido muitas vezes que a análise isolada de qualquer
componente da logística pode gerar significativos erros de avaliação. Bem, a embalagem
é um destes casos, com o agravante que muitas vezes não é vista como um elemento
integrante da logística que percorre toda a cadeia de abastecimento assumindo
diferentes e importantes funções.
Para evitar descuidos vamos relacionar alguns pontos que devem ser
avaliados:
1. Projeto do produto: se a embalagem primária é reflexo da forma do produto, devemos
considerar:
- A engenharia do produto sabe
que o produto vai ser embalado? (poucas empresas têm esta preocupação!)
- Ao projetar o produto são avaliadas as dimensões da embalagem
primária e se esta é submúltipla da embalagem de transporte e dos unitizadores (palete,
contentor, contêiner, etc)?
2. Projeto da embalagem: normalmente é dada maior ênfase
para o acondicionamento do produto (preservação física, química e biológica) e comercialização
(imagem, disposição, etc), deixando para um segundo plano outras funções que
geram impacto na logística.
- Foi considerada a função logística
nas diversas etapas do processo que está envolvida?
- Foi projetada para evitar danos
ao produto (choques, vibrações, cllima, fogo, umidade etc) inclusive furto?
- Foram avaliadas as dimensões, a
ergonomia e o peso?
- Foi
dimensionada para ser submúltipla das embalagens de transporte, paletes, carroçarias, contêineres, etc?
- Foram
definidas dimensões e local para a correta identificação?
3 Unitização: a adequada utilização é muito importante, pois consolida diversas
embalagens individuais em uma unidade, porém deve ser bem avaliada, pois apresenta diversos aspectos positivos e negativos no processo
logístico.
Entre as aplicações de unitização mais conhecidas podemos destacar
os paletes, contêineres, racks diversos, etc.
- Além da eventual economia com
mão-de-obra foi considerada a necessidade da utilização de equipamentos de
movimentação e a correspondente relação entre custo e benefício?
- Foi avaliado se os clientes têm
equipamentos adequados para a sua movimentação?
- Foi avaliado o tempo de carga e
descarga e o ganho com redução de área de recebimento e expedição e do tempo de
veículos parados?
- Foi avaliado o impacto na
organização, aproveitamento e produtividade na armazenagem?
- Foi avaliado o impacto no
transporte (aproveitamento de peso x volume x tempo de carga e descarga)?
4 Qualidade: devemos considerar, além da preservação do produto, a qualidade do serviço, ou seja, o produto integro,no prazo combinado e nas
condições desejadas pelo cliente. Para tanto devemos nos preocupar com:
- É fácil a identificação (local
e dimensão das etiquetas, seus textos e códigos)?
- Foram indicados os símbolos
pictóricos: frágil, não molhar, este lado para cima, ponto de apoio, etc?
- É fácil a conferência
qualitativa e quantitativa (acessoe disposição para contagem e amostragem)?
- Foi
indicado o número ONU (classificação adotada para os produtos considerados
perigosos
no Brasil conforme recomendações da Nações Unidas) no caso de produtos
perigosos?
5 Impacto em compras e vendas: a
logística entendida como um “diferencial competitivo”, leva os setores
comerciais das empresas a tomar alguns cuidados.
- A sua empresa se preocupa em
definir com os fornecedores e clientes, além das condições comercias, também as obrigações relativas à logística,
assim como embalagens, lotes, horários, etc?
- Existe um “protocolo logístico”
formal (define as condições logísticas contratadas entre cliente e fornecedor)?
- Existe a preocupação em vender/
expedir ou comprar/receber, sempre que possível em quantidades (múltiplos) equivalentes a uma unidade de
transporte ou unitizador / palete?
6, Controles/gestão visual: a dinâmica da logística leva as empresas a adotar medidas para facilitar a identificação e ocontrole (qualitativo e
quantitativo), desde o recebimento, até a expedição e como a embalagem exerce importante função.
Devemos avaliar se:
- Foi projetada para facilitar a
identificação e a verificação qualitativa e quantitativa dos produtos em todas
as etapas do processo logístico?
- O unitizador facilita a
identificação e a verificação dos produtos, desde o recebimento, estocagem, até
a expedição?
7. Separação (picking) e
abastecimento de linha: a necessidade de reduzir o
custo logístico e melhorar o nível de serviço leva as empresas a adotarem
embalagens para múltiplas aplicações, daí devemos avaliar se:
- Pode
ser recebida, estocada e transferida individualmente para a área de separação de
pedidos (picking) sem a necessidade de transferência para outro dispositivo?
- Pode
ser abastecida com peças ou produtos, transferida para o cliente e utilizada diretamente
na linha (montagem ou usinagem) sem a necessidade de transferência
para
outro dispositivo?
8. Transporte: este é um dos processos
logísticos que tem grandes impactos em função da embalagem e da unitização e
que em muitos casos se percebem claros equívocos devido a análise inadequada.
Neste
caso a escolha entre a carga estivada (fracionada) e a unitizada pode gerar significativos
impactos na ocupação do veículo (valor, peso e volume).
- Quando
o uso da unitização (paletização) é indicado?
- Quando é exigência do cliente;
-
Quando é viável uma boa ocupação do veículo (maior que 300kg/m3) e o tempo de
carga e descarga é relevante em relação ao tempo de translado (bom para
distâncias menores
que 100km);
- Quando o tempo de carga e descarga é
importante para liberar espaço nas docas ou para redução do custo de transporte
(custo fixo).
9. Logística reversa: esta avaliação é importante em algumas situações específicas:
- Foi avaliado se a embalagem
deve ser padronizada ou intercambiável (contentores, paletes, etc.), ou personalizada (comdados do fornecedor e/ou do
cliente)?
- Descartável (“one-way”) para os
casos em que a preservação não é tão importante quanto a redução de custos.
- Foi avaliado se a embalagem
deve ser retornável para efeito de reaproveitamento e redução de custo?
- Foi considerada a dificuldade
que é gerada para a administração do fluxo e destino das embalagens retornáveis?
10. Terceirização: atualmente existem algumas alternativas de terceirização, sendo que a mais se destaca é o “aluguel” de paletes.
- Apesar do alto custo, você já
avaliou a possibilidade de terceirizar e/ou alugar embalagens ou unitizadores?
- Já pesquisou os tipos e
empresas de terceirização disponíveis no mercado?
Conclusão
Ufa, quanta coisa envolvida, quantos tópicos para avaliar, a
partir com uma “simples” embalagem!
Bem, de agora em diante tome mais cuidado quando tratar de
embalagens e unitização, pois esta sim é uma boa dica: pensar na embalagem para
melhorar a qualidade, a produtividade e o nível de serviço ao cliente.
Antonio
Carlos da Silva Rezende,
gerente
de projetos da IMAM Consultoria Ltda.
Fonte: http://www.imam.com.br/consultoria/index.php?option=com_docman&task=doc_details&gid=56&Itemid=40