Antonio
Carlos da Silva Rezende,
gerente de projetos da IMAM Consultoria Ltda.
Seja
criterioso na escolha e na utilização do modal de transporte
Mesmo respeitando a posição
de liderança do transporte rodoviário de cargas (TRC), devemos acompanhar a
evolução e os aspectos positivos e negativos dos demais modais, avaliar
periodicamente a viabilidade técnica e
econômica de utilizar outros modais, além do que, devemos nos aprofundar no
conhecimento do modal utilizado.Vamos indicar alguns questionamentos que devem
ser feitos para melhor avaliação:
1 Matriz de transportes. Devemos entender os
motivos que levam ao desbalanceamento da utilização dos
modais: Foram avaliadas
as vantagens e desvantagens de cada modal? Estamos atualizados quanto à
evolução (disponibilidade, freqüência, custos, etc.) dos modais?
2 Infra-estrutura. Ao avaliar a
possibilidade de utilizar um determinado modo de transporte devemos saber como
anda sua infra-estrutura: Como estão as vias (projeto, conservação,
sinalização, segurança)? Quais utilizar? Qual a localização dos terminais e dos
desvios?
3 Legislação. Devemos avaliar alguns
aspectos que interferem nas operações (lembrar que para os transportes existem
organismos reguladores: ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres),
ANTAQ (Agência Nacional de Transporte Aquaviário) e DAC (Departamento de
Aviação Civil), subordinado ao comando da Aeronáutica, Ministério da Defesa. As
rodovias estatais ou privadas têm poucas interferências,
salvo na fiscalização nas
fronteiras interestaduais; verificar se o trecho ferroviário que será utilizado
pertence a mais de uma
concessionária e se existe acordo de direito de passagem; verificar se nos
portos que serão utilizados existem boas relações entre a autoridade portuária,
o operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra.
4 Empresa gestora. É importante entender a
origem do capital e sua finalidade: é estatal? É privada? Tem
foco no transporte ou em
investimento? Mantém boa conservação e tem planos para investimentos em
ampliações? Foi avaliada a condição financeira da empresa gestora?
5 Instalações e
equipamentos. No
caso do TRC, os usuários têm menos dependências, o que não acontece
para demais modais: os portos
e aeroportos têm boas instalações para armazenagem e transbordo? A ferrovia tem bons terminais, instalações para
estocagem e material rodante?
6 Disponibilidade. Além da infraestrutura,
deve ser avaliada a disponibilidade de equipamentos e/ou linhas para o
transporte. No caso do TRC, deve ser avaliada a disponibilidade da
transportadora. No caso da ferrovia, existem equipamentos (material rodante)
que garantam disponibilidade e a freqüência de embarques? No caso de portos,
existem linhas com diversos destinos que garantam boa freqüência de
embarques?
7 Material a ser
transportado. Quais são as
características específicas a serem avaliadas para a escolha correta do modal:
Qual o custo unitário do
material? Qual é a proporção do custo do material em relação ao custo do
transporte? O material depende da velocidade do modal (se é perecível ou está atrasado)? São grandes os
volumes
(grãos, minério, cimento, produtos
petroquímicos, etc.)? O material é classificado (inflamável, explosivo, etc.)?
A distância e o tempo total foram avaliados?
8 Forma como o material
será transportado. Este é um fator decisivo na escolha do modal: O transporte será a
granel ou unitizado? Depende de caminhões, vagões ou navios especiais? Depende
da disponibilidade do contentor (contêiner por exemplo)? O contentor é
retornável?
9 Outros fatores a
considerar.
Não podemos deixar de
considerar que a concorrência entre os modais faz por aviltar (“achatar”) o
preço do transporte com reflexo no custo, porém, também na qualidade. Cuidado!
10 Decisão para a escolha
do modal. O
processo depende da análise sistêmica e conjunta de todos os itens relacionados
acima. Muitas vezes, as empresas utilizam apenas o TRC e ficam reclamando de
custos
e qualidade de serviços.
Conclusão
Como já afirmamos em
artigos anteriores, nunca despreze um modal, acompanhe a evolução de cada um e
reavalie sistematicamente a análise da viabilidade, sob pena de perder
oportunidades e, lembre-se: seu
concorrente pode estar se
preparando!
MODAL
|
% de utilização
do modal no Brasil* |
VANTAGENS
|
DESVANTAGENS
|
Dutoviário
|
< 1%
|
• Para líquidos ou gases em
grandes volumes
• Custo
|
• Mais lento;
• Grandes investimentos;
• Aplicação limitada
• Depende de transbordo;
|
Aéreo
|
~ 1%
|
• Rapidez (perecíveis, em atraso)
• Bom para produtos de alto valor
e pequenos volumes
|
• Depende de transbordo;
• Limite de volume e classificação
• Custo elevado em relação
a outros modos
|
Aquaviário
|
~ 12%
|
• Mínimos limites de peso e volume
• Custo competitivo > 1000 km
|
• Mais lento;
• Mobilidade limitada – normalmente
depende de transbordo
|
Ferrovário
|
~ 23%
|
• Bom para produtos de baixo valor
e grandes volumes;
• Competitivo para distâncias
maiores que 700 km
|
• Mais lento em relação ao TRC;
• Grandes investimentos;
• Mobilidade limitada – normalmente
|
Rodoviário
|
~ 63%
|
• Disponibilidade
• Boa mobilidade (porta-a-porta)
• Bom para curta/média distância
|
• Alta incidência de furtos;
• Péssimas condições das estradas
ou alto custo de pedágio
• Custo elevado em relação
a outros modais
|
*Fonte: ANTT, ano base 2004
Fonte: IMAM Consultoria -
www.imam.com.br
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